A Máquina que revolucionou Ibitinga


Em geral, quando se pensa em máquina de costura doméstica a primeira imagem que se tem é de confecção de peças de vestuário. Porém as máquinas domésticas estão também na origem de uma das atividades de trabalhos artesanais mais rentáveis, criativas e tradicionais – O bordado. A maior prova dessa afirmação é história da cidade de Ibitinga, no estado de São Paulo.

Durante décadas sua terra roxa produziu muita riqueza através das plantações de café, contudo com a crise dos anos de 1930, a cidade viu sua fonte de riqueza ir minguando, até que, na década de 1950, ainda que nem todos dessem conta a princípio, a história começou a mudar com a iniciativa de senhora portuguesa, Dioguina Sampaio, originária de Vila Real, região de Trás-dos-Montes.

Dioguina costumava vender enxovais bordados, no estilo da ilha da Madeira, no Armazém do seu marido, para ajudar a aumentar a renda da família. Com sucesso que fazia, as peças foram ganhando cada vez mais espaço no armazém. Outras mulheres, também de origem portuguesa, foram aprendendo com Dioguina e se dedicando a desenhar e colorir com linha e agulha. Aos poucos foram surgindo os primeiros salões de bordados, contando com cerca de 10 bordadeiras e uma supervisora.

 

A atividade atraiu atenção dos vendedores de máquinas de costura e bordado. Entre eles, a Singer teve grande destaque. A preferência dos bordadeiras era pela máquina “cabeça preta” a 15C, pois esse modelo era passível de uma pequena adaptação que a tornava ideal para o bordado. Quem percebeu essa possibilidade foi Gotardo Juliani, representante da Singer na cidade, pois sabia da dificuldade das bordadeiras em operar as máquinas tradicionais, pois o ponto cheio era de pequenas proporções.

Ao lado de técnicos da Singer de São Paulo e de outros vindos do Japão (onde era fabricado modelos usado em Ibitinga) encontraram a solução ao retirar algumas peças internas e ao fazer uma simples adaptação para que o ponto cheio conseguisse atingir cerca de 1 cm.

Foi esse esforço, de um representante da empresa junta seus técnicos para solucionar um problema dos consumidores que permitiu que a indústria do bordado de Ibitinga se desenvolvesse se tornasse atividade mais importante da cidade, gerando emprego e renda para a maioria de seus habitantes.

A partir de 1974, Ibitinga deu início às feiras do bordado e sua fama com a capital nacional do bordado espalhou-se por todo país e mesmo pelos países vizinhos. Quem chega hoje à cidade ouve o zumbido surdo por todo lado, são as máquinas em constante funcionamento executado peças de cama, mesa, banho, enxovais para bebê e cortinas.

Atualmente são mais de 600 empresas de confecção representando mais de 50% dos negócios estabelecidos na cidade.

Matéria Publicada no livro de Comemoração Singer 160 Anos

A Máquina que revolucionou Ibitinga