1ª Feira do Bordado de Ibitinga, 1974

1974 – O Ano Decisivo: a implantação da Feira do Bordado

 

Quando falamos de Ibitinga, é impossível não mencionar sua busca incansável pela industrialização. Essa pequena e encantadora cidade do interior de São Paulo, estrategicamente localizada no coração do estado, próxima a Araraquara, Bauru e Jaú, tinha uma identidade agrícola bem definida na sua origem.

Foi nesse contexto que o Bordado começou a ganhar destaque silenciosamente, crescendo nos lares de cada costureira e bordadeira, impulsionado pela inspiradora Dona Deoguina Sampaio e da famosa escola da Singer, inserida pelo representante comercial Gottardo Juliani, entre outras.

Na ocasião, a professora Juliana Zapata Camas veio visitar seus familiares em Ibitinga – sua terra natal – e ficou sabendo da “fuga” dessa enorme produção caseira para outras cidades, ouvindo a Rádio Ibitinga – emissora local. A professora resolveu, então, procurar o jornalista e radialista Roque de Rosa, também Presidente da Associação Comercial e Industrial de Ibitinga (ACII).

Com a visão empreendedora de Juliana Zapata Camas, o apoio da ACII, da Rádio Ibitinga, do Prefeito Nicola Lucínio Sobrinho, do jornalista Roque de Rosa, e do senhor Gottardo Juliani, representante comercial da Singer do Brasil, foi marcada uma reunião com demais líderes de destaque dos pequenos empresários e comerciantes de então, para que a Primeira Feira do Bordado de Ibitinga fosse realizada, objetivando a propagação dos Bordados para todo o Estado de São Paulo e para o Brasil.

O assunto da Feira do Bordado não saía das bocas, corações e mentes dos ibitinguenses. Na população da cidade, houve aqueles que se mostraram favoráveis ao empreendimento e outros contrários a ele. Novas reuniões foram marcadas e os líderes da cidade aceitaram o desafio de seguir em frente! A decisão foi quase unânime entre os empreendedores pioneiros da Feira do Bordado, que acreditaram na idealizadora, a senhora Juliana Zapata Camas, moradora da cidade de São Paulo, a capital do estado, local onde tudo acontecia também àquela época. Com seus contatos, conhecimentos e amigos, deu-se início ao evento com a proposta de realizar-se apenas uma amostra dos produtos confeccionados em Ibitinga, durante 2 dias – 31 de agosto e 1º de setembro de 1974 – na Escola Municipal Benedito Teixeira de Macedo (Escola de Comércio) – prédio onde hoje funciona a Faculdade de Ibitinga (FEMIB/FAIBI).

Entretanto, como a senhora Juliana residia em São Paulo e precisava retornar para lá, a sua coordenação aqui na cidade tornava-se inviável. Foi nesse momento que, com a participação da Prefeitura Municipal, o Prefeito Nicola Lucínio Sobrinho criou a Primeira Comissão Organizadora da Feira do Bordado e nomeou para sua presidência e coordenação a Dra. Immaculada de Masi Tonini, junto com demais Secretários Municipais. Dessa Comissão também fizeram parte os líderes participantes das reuniões prévias, que haviam decidido sobre a realização da Feira.

 

A senhora Juliana tornou-se Presidente de Honra do evento e coordenou, direto de São Paulo, os contatos necessários para que a Feira fosse divulgada e ganhasse destaque na grande mídia, a princípio na TV Tupi e no jornal O Estado de São Paulo, o que despertou interesse de outras rádios, emissoras de TV, jornais e revistas, que desejavam conhecer a “Cidade dos Bordados”, projetando Ibitinga nacionalmente.

Aqui em Ibitinga, a Dra. Immaculada, constantemente acompanhada por sua sobrinha Dumara Scaini, liderava a preparação do evento para que sua execução acontecesse do modo mais perfeito possível. Assim, contou com o trabalho criativo e apoio indescritível da senhora Nereide Sampaio Pires (filha de Dona Deoguina), da senhora Custódia Maria Ramos Di Rienzo (neta de Dona Deoguina), de inúmeros funcionários do “Bordados Sampaio”, especialmente da senhora Lourdes Carraro de Pauli, de inúmeros outros fabricantes de bordados, como por exemplo a senhora Marina Cunha (in memoriam), entre muitas outras. Todas efetivamente participaram da organização do evento, decorando as salas de aulas da Escola de Comércio, trazendo os expositores com seus produtos bordados, cuidando da recepção da Feira, preparando o desfile de vestidos bordados, de modo a realizarem toda essa execução da I Feira em aproximadamente 3 semanas.

E, assim, no dia 31 de agosto de 1974, estava oficialmente aberta a I Feira do Bordado de Ibitinga, na Escola de Comércio, com término no dia 1º de setembro do mesmo ano.

O sucesso alcançado pela I FEBI foi tanto que alguns expositores terminaram o segundo dia sem mercadorias para comercializar. O evento consolidou assim a vocação da cidade para essa arte têxtil em confecções de cama, mesa e banho. O sucesso das primeiras edições fez com que a feira passasse a integrar o Calendário Turístico de São Paulo e, posteriormente, o nacional, o que conferiu a Ibitinga definitivamente o título de “Capital Nacional do Bordado”.

Nas semanas seguintes à realização do evento, a cidade recebeu a visita de muitas pessoas em busca de nossos produtos. Vinham conhecer e adquirir para revenda ou para uso próprio. Enfim, diante da qualidade, requinte e bom gosto, fomos projetados nacionalmente não só pela mídia, mas principalmente pelos que aqui compareceram.

Só havia uma pergunta: quando será realizada a segunda edição da Feira?

No início do ano de 1975, os preparativos começaram e após 10 meses, a cidade de Ibitinga realizava a II FEBI, ainda na Escola de Comércio, de 19 a 27 de julho de 1975, já com a duração de mais dias.

A população de Ibitinga pôde testemunhar o crescimento dessa “Indústria sem Chaminés” dia após dia. Apesar dos inúmeros desafios econômicos, crises mundiais e, mais recentemente, da pandemia de Covid-19, a tradição da Feira do Bordado se mantém firme. Desde sua primeira edição em 31 de agosto de 1974, o evento é realizado anualmente, com exceção dos recentes anos, entre 2020 e 2022, devido às exigências de isolamento pela Covid-19.

Todos os prefeitos municipais sempre dedicaram atenção especial à Feira do Bordado de Ibitinga, conhecendo e reconhecendo o valor e a importância desse evento histórico da cidade.

Desde a pioneira e inspiradora senhora Deoguina Júlia Martins Sampaio Pires, juntamente com outras mulheres visionárias, até os dias atuais, os empresários e trabalhadores do Bordado continuam a aprimorar a tecnologia, criando novos produtos têxteis, investindo tempo na criação de cenários fotográficos, participando de espaços de plataformas digitais e redes sociais. Esses profissionais fazem parte de uma grande indústria que não polui rios, ar ou solo, e que traz riqueza e desenvolvimento para Ibitinga, sua região e todas as cidades que, fornecendo matéria-prima para as nossas confecções, estão de alguma forma envolvidas no processo produtivo.

Em 2023, a 47ª. Edição da Feira do Bordado marcou 50 anos de História desse evento grandioso, que muda o cenário da nossa cidade e da economia de Ibitinga e da região. O turismo de compras é alavancado, trazendo melhores oportunidades financeiras, crescimento, empregos e renda para todos.

1ª Feira do Bordado de Ibitinga, 1974